Friday, June 26, 2009

Da Citadela ao City Stars

Dois dias atrás, tive o imenso prazer de ir a um show de música popular aqui no Cairo. Uma das bandas era local enquanto a outra era francesa, porém completamente influenciada por sons do Magrebe (Argélia e Marrocos). Foi bem divertido, sobretudo pelo local onde o show foi realizado! Na parte antiga do Cairo! Vejam as belas fotos que eu tirei lá.



Aqui foi na entrada, logo que eu cheguei, do lado da mesquida Salah el Din.


Olhem a visão que eu tinha do palco! Lindo demais!



Aqui minha belíssima amiga italiana, Tiziana! Ela que me convidou para assistir a esse show.



Por fim, meu companheiro de shows, senhor Waleed.

Os árabes são famosos no mundo todo por terem um talento especial para o comércio. No Brasil mesmo, a ascenção da comunidade árabe se deu devido a essa facilidade que eles têm para pegar qualquer coisa e transformar em produto a ser vendido. Por terem sido bem sucedidos em seus negócios aí, convidaram seus parentes para vir e explorar a grande oportunidade que o Brasil lhes dava. Mais tarde, já inseridos na sociedade brasileira, alçaram representatividade nos mais diversos sectos, chegando até a alcançar cargos políticos (Maluf).
Se a força mercantilista árabe é evidente fora de seus países, dentro deles não seria diferente. Porém, para curiosidade geral e para bem do meu blog, o comércio aqui é diferente do comércio no Brasil de uma maneira bem clara.
No Brasil, estamos acostumados a ter cidades divididas em bairros, os quais, no geral, possuem uma área mais residencial e um centro comercial dentro deles mesmo. Eu quando pequeno, por exemplo, ia ao "centro de Guaianases" comprar roupas ou qualquer outra coisa quando precisava. Lembro de ouvir falar do centro da Penha, ou de Itaquera ou de muitos outros bairros, e nisso me baseio para descrever esta estrutura. Além de todos esses centros, falava-se também no centro da cidade, que é onde de tudo tinha! Concluindo, a cidade aí possui uma infinidade de centros comerciais em seus diversos bairros e um centro geral no centro da cidade mesmo, correto?
Aqui no Cairo, a coisa não é bem assim. Digamos que o centro da cidade existe aqui sim e é bem parecido, em alguns aspectos, com o centro de São Paulo. Tumultuado, trânsito, ruas estreitas, prédios antigos, alguns muito bonitos por sinal, poluição, vendedores ambulantes, lojas de toda sorte, shoppings, restaurantes sujos, restaurantes limpos, pessoas vendendo comida e bebida na rua, como por exemplo o famoso churrasco grego os os vendedores de chá que andam com aquelas bandejas cheias de copos pra lá e pra cá... enfim, o centro! O Cairo também está dividido em bairros, porém a maioria deles não possui um centro. Por quê não?! Porque existe de tudo para vender em todos os lugares! O que todos os bairros têm de residencial, têm de comercial! Vou ilustrar este cenário.
Começa que o andar térreo de 90% dos prédios aqui é destinado ao comércio. No meu prédio mesmo, existem duas lojas de móveis. No do lado, um mini mercado, uma borracharia, mais uma loja de móveis e um restaurante de frango assado e churrasco que faz entrega. E assim segue, não se limitando a nada! Farmácias, mini mercados, ciber cafés, academias, padarias, açougues, restaurantes e até floriculturas podem ser encontradas a menos de 5 minutos da casa de qualquer um. Ou seja, aqui não é necessário ir muito longe para encontrar o que se quer e isso é uma maravilha! A concorrência é tanta que eu não sei como eles lucram. Eu acho que é porque aqui quase não existem casas então a densidade demográfica é bem alta e, com isso, o volume de compras é grande.
Além de todas esses estabelecimentos, existe um em particular que é muito famoso e importante na estrutura comercial daqui: o chamado "koshky". Consiste em uma tenda ou barraca, geralmente localizada em esquinas ou pontos de ônibus, onde de tudo se pode comprar: doces, salgados, salgadinhos, bebidas, cartão de recarga de celular, chip de celular etc. Eles são extremamente abundantes e ajudam pra caramba nas horas de desespero. hehehe
Uma terceira e última curiosidade com relação ao tema são os shoppings. A maioria deles é ermo! Vazio que dá medo! Existem shoppings grandes aqui onde não se vê uma alma. Perto da minha casa mesmo tem um complexo de 3 shoppings chamado Serag Mall e aquele lugar é vazio. As pessoas vão lá mais para comer e não para se encontrar e se divertir como a gente faz no Brasil, ou mesmo para comprar coisas. Eu acho que é até natural isso acontecer, já que todas as pessoas têm tudo o que querem perto de casa. Existem exceções? Sim!
O maior shopping do Cairo, chamado City Stars, foge da regra. Claro, né? Aquele lá é o shopping mais bonito que eu já vi na minha vida! Nele, tem pirâmides rodeadas por piscinas e com topo de vidro que reluzem a noite e é a coisa mais linda! Dentro, lojas de grifes internacionais, geralmente européias. Que eu conheça mesmo, somente a Zara. A classe alta cairota vive naquele lugar, então vocês podem imaginar como são bonitas as pessoas lá! Sem falar no ar condicionado super mega master blaster turbo drops versão 4.2 reloaded! Melhor de tudo? A 10 minutinhos da minha casa! :D Se quiserem, estão convidados! Aliás, vou lá amanhã a noite. Aguardo respostas!

Thursday, June 18, 2009

Assistam!!!!!!

http://www.youtube.com/watch?v=e6mpM7f4_JA

Tuesday, June 9, 2009

Maromba no Egito

Faz um tempo que eu tenho ido a academia aqui no Egito. Na verdade, muito recentemente, passei a treinar em uma outra academia e acabei, nessa troca, tendo uma surpresa um tanto engracada e, com ela, algumas duvidas. Acredito que voces devam conhecer o ambiente ai no Brasil, mesmo que nao frequentem, e possam me falar um pouco a respeito e contribuirem para este topico.
Pois bem, quando cheguei nessa nova academia no primeiro dia, parecia que eu estava entrando no clube da Xuxa: tinha uma reeeenca de meninos de uns 12 anos de idade mais ou menos, todos puxando ferro e se exercitando que nem profissionais. Gente, os gurizinhos mal tem pelo no saco e ja estao la se esforcando e querendo musculos??!!! Isso eh normal??!! Isso eh aceitavel em academias do Brasil??!! Eu nao entendo especificamente do assunto mas acho que nessa idade, muitos dos musculos do corpo ainda estao em formacao e nao se pode sobrecarrega-los dessa forma. Mas enfim.... acho que eles tem a liberdade de fazerem o que eles quiserem e o treinador, de estorquir quem quer.... Sim, eu acho que ele nao devia aceitar mulekes tao pequenos nao.... mas quem sou eu pra falar algo.
Um segundo grupo era de uns jovens entre 15 e 18 anos.... ai vc ve um com black power... um meio emo... um meio caipirao... todos na flor da adolescencia, algo tipo "eu e minhas espinhas"... Tambem se exercitando. Acho mais valido, nao vejo problemas aqui.
Existe tambem o grupo dos bolofeticos, em sua luta continua contra a balanca, as celulites, a gordurinha localizada, os pneus.... todas essas tristezas que eu, por sorte, nao sofro de ter! Tadinhos, penam nos exercicios aerobicos! Eu torco por eles heheheh.
Um ultimo grupo eh o dos marombadinhos que possuem um defeito grave: se esquecem de treinar as pernas! Os caras fortes aqui parecem uma piramide de ponta cabeca. Eh deprimente que quanto mais forte, maior a disparidade. Parece que se vc der um peteleco, o cara nao vai conseguir se equilibrar e vai cair.
Eu, por minha vez, to na minha fase Suzy (treinando pra ser Barbie) assim como muitos outros caras na academia. To indo devagar e sempre, comendo direitinho tambem para nao passar mal por hipoglicemia, hipotensao ou qualquer hipo desses. Alem de tudo, tenho de treinar com um muleque de 13 anos, que costuma ir na mesma hora que eu.... e pega a mesma quantidade de peso! Eita mulekinho!!!!
Gostaria de saber se eh a mesma coisa no Brasil com relacao a essas figurinhas. Tipo, eu cheguei a ir a uma academia ai mas faz tempo e nao era tao assim... mas vai que mudou?? Sei la.... Voces sabem me falar?

Saturday, June 6, 2009

É ou não é um animal?

Pensando em algo interessante para se ver em meio ao frio que está fazendo em São Paulo? A peça "É ou não é um animal?" é minha indicação de diversão certa. Para quem tem carro, é acessivel; para quem não tem, o teatro fica perto do metrô Barra funda. Alem de tudo isso, a entrada é franca.



Onde: TUCARENA Rua Monte Alegre, 1024 entrada pela Rua Bartira.
Temporada: 13/05 à 17/06 e 29/06 a 15/07
Horários: Quartas-feiras às 21h30
Recomendação: Livre
Duração: 50 minutos
Ingresso: Entrada gratuita

Ficha técnica:

Adaptação: elenco, inspirado no conto Teleco, o coelhinho de Murilo Rubião.
Coordenação de dramartugia: Ana Roxo
Direção geral: Ana Roxo
Preparação corporal e coreografias: Verônica Veloso
Preparação vocal e direção musical: Sandra Ximenez

Elenco:
Alessandro Aguipe, Ana Andrade, Camila Monte Ferraz, Diego Ignácio, Frank Aguillar, Giovanna Gagliardi, Marilda Matos, Sayuri Luz e Sullen Respinger.

Músicos convidados:
André Mourão, Matheus Marques e Renato Medeiros

Assessoria de figurinos: Éder Lopes
Assessoria de maquiagem: Gabriel Weng Maravalli
Fotógrafo: Flávio Soares
Arte visual: Chico Dias de Andrade
Programação visual: Eduardo Dias de Andrade

Equipe Curso de Atores
Professores: Ana Roxo, Antônio Duran, David Rock, Hélio Cícero, Nelson Baskerville, Pablo Moreira, Paulo Marcello, Sandra Ximenez, Verônica Veloso e Viviane Dias
Coordenação pedagógica e artística: Pablo Moreira

Thursday, June 4, 2009

Post Linguicístico

Estava demorando para eu começar a falar sobre algo relativo à língua árabe, vocês não acham? Afinal de contas, meu objetivo em vir aqui ao Egito ainda é aprendê-la bem (in sha2 allah) para investir no meu futuro quando eu voltar. Não sou mestre nem nada, mas já posso postular algumas coisinhas a respeito não só do idioma árabe padrão, mas também do dialeto egípcio. Como não quero escrever chatisses nem aborrecer meus leitores, vou escrever mais curiosidades e impressões minhas. Bora lá.
Vou começar falando que, na língua árabe, os sons "v" e "p" relativos aos fonemas portugueses não existem (frase "Tia Penha" no Jô Soares). Por isso, é muito facil de se identificar o sotaque árabe em qualquer língua, já que eles acabam substituindo todos os v's por f's e todos os p's por b's. Exemplos do inglês, que é a língua extrangeira mais comum de se ouvir aqui, são "blease" hehehehe... "bizza"... hehehe No português, eles falam "brimo"heheheh "bra mim" heheheeh. É tão engracadinho! A escrita também é afetada por esse fator e essas palavras acabam sendo escritas em árabe com "b" e "f"mesmo. Existem letras adaptadas para representá-las, mas o mais comum é o uso trocado mesmo.
Continuando no sotaque, é muito difícil para a maioria dos egípcios produzir o som do r retroflexo, o "r caipira" que é tão usado em inglês. Em seu lugar, eles usam o r vibrante, estilo o do espanhol. Palavras como "very" soam como "verrrrrrry" (liguinha trepidando!). Meio que me lembram indianos falando. A ultima marca característica é o "l". No português, o l é produzido encostando-se a língua à parte médio-frontal do palato (céu da boca). No árabe, ele é produzido um pouquinho mais para trás e soa um pouco mais forte. Não chega a ser um retroflexo mas está quase lá. Exitem ainda algumas marcas vocálicas mas não falarei nada disso.
O dialeto egípcio é simples e bem engraçado também. A começar que, como eu ja dei a dica em um outro post aí, eles usam umas 500 milhões de palavras do inglês. Isso ajuda tanto, sabia? Se eu não sei uma palavra em árabe, eu falo em inglês e as vezes calha de ser isso mesmo! O problema não é a falta de verbetes na língua. Existem sim palavras árabes para todos os termos ingleses que são utilizados no popular mas, devido a fatores histórico-sociais, a adoção dos extrangeirismos se tornou padrão na língua daqui. Você pode pensar "Ah... mas no português a gente tem um monte de palavras que são igual em inglês também, como taxi, outdoor etc". Acreditem, NÃO É A MESMA COISA. Aqui, dependendo do tipo de discurso, você ouve tantas palavras em inglês quanto em árabe. É uma mistura louca! Não são só substantivos, como na maioria dos casos de adoção de extrangeirismos. Chega-se a usar verbos conjugados! Vou dar um exemplo de um trecho do diálogo que eu ouvi entre uma mãe e a recepcionista, lá no maternal onde eu trabalho:

- Akhbar el baby eh? (Como vai o bebe?)

- Hoa enjoying gedan. Akal cake already we delwa2ty hoa playing fe el garden. (Ele esta se divertindo bastante. Já comeu bolo e agora esta brincando no parquinho).

Quem fala inglês consegue entender essas frases mesmo sem auxílio de tradução. Claro que não com minúcia de detalhes, mas a idéia geral do diálogo não se perde. Estranho, né? Tem muita palavra em francês também, mas vou deixar isso para os curiosos que me perguntarem.
Vou confessar que a língua falada não é bonita de se ouvir não. O estranhamento é normal já que eles "falam mais com a garganta do que nós brasileiros". Muitos sons são produzidos la atrás e nos causam certo estranhamento. Porém, assim que você passa a entender um pouco da língua, vê que é um dos idiomas mais cômicos do mundo. Eles tem talento para a comédia! Qualquer diálogo entre amigos me faz rir, já que eles fazem questão de brincarem uns com os outros. Além disso, a prosódia ajuda muito nessa composição. O ritmo com o qual eles falam é engracado. No Egito, as marcas de pergunta geralmente vêm no fim das frases, e isso enfatiza o tom de pergunta. Aí um simples "como vai você?" soa como uma frase de interrogatório.... um tom meio desconfiado, meio que "vou te pegar na mentira". Não sei se estou conseguindo me fazer entender e acho que não, mas quem sabe um dia eu explique isso melhor. O ápice disso é ver duas pessoas negociando preços. Enfim...
Tenho mais detalhes para abordar mas acho que vou ficar por aqui. Vocês sabem que línguas me atraem, né? uiiiiiiiiii... Mas não quero ser prolixo. Beijos!